Bruno ‘foge’ em processo por transfobia e empaca ação da polícia
A Polícia Civil de São Paulo intensifica esforços para coletar o depoimento do cantor Bruno, após acusação de transfobia contra a repórter Lisa Gomes
A Polícia Civil de São Paulo tem trabalhado ativamente desde o início do ano para obter o depoimento do cantor Bruno, da dupla com Marrone, em uma denúncia por transfobia que chocou o Brasil. O incidente, que veio à tona após um comentário inapropriado do cantor direcionado à repórter trans Lisa Gomes da RedeTV!, é agora objeto de uma investigação conduzida pela 2ª Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais, Contra a Diversidade Sexual e de Gênero.
Acontece que, segundo o Metrópoles, a polícia está encontrando dificuldades para ouvir a versão de Bruno no caso, uma vez que não consegue encontrar o cantor sertanejo. O processo investigativo ganhou um novo fôlego com a autorização judicial para estender o prazo de apuração. A decisão visa garantir que todas as evidências sejam coletadas meticulosamente, incluindo o aguardado depoimento do cantor sertanejo, uma peça-chave para o entendimento completo dos fatos.
A controvérsia teve início em maio de 2023, durante um evento em que Bruno, de forma inesperada e inapropriada, questionou a jornalista Lisa Gomes sobre sua identidade de gênero. O momento, que rapidamente se espalhou pelas redes sociais, levou a dupla sertaneja a emitir um pedido público de desculpas à profissional, tentando amenizar o impacto de suas palavras.
Apesar da pressão pública e judicial, até o momento, Bruno não definiu uma data para prestar seu depoimento à polícia, uma etapa crucial para o avanço das investigações. Seu advogado, Alexandre Imbraiani, sinalizou há cerca de um mês a intenção do cantor de colaborar com os investigadores, embora uma data específica ainda não tenha sido acordada.
Além do depoimento de Bruno, a investigação procura por testemunhas que possam confirmar outros episódios de constrangimento relatados por Lisa Gomes, sugerindo que o incidente de maio não foi um caso isolado e que ela teria sido constrangida por Bruno em outras ocasiões.
Bruno pode até ser preso pelo caso de transfobia
Em uma notícia que está gerando grande revolta no mundo da música sertaneja e nos círculos LGBTQIA+, o cantor sertanejo Bruno, conhecido por sua parceria de longa data com Marrone e várias humilhações ao seu companheiro de dupla, virou alvo de uma investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre possíveis crimes de transfobia.
O caso em questão se deu quando Bruno, em um momento que revoltou a todos, humilhou a jornalista transsexual Lisa Gomes, RedeTV, durante uma entrevista. Na ocasião, o sertanejo perguntou se ela “tinha um pênis”, em frente a várias testemunhas. Este incidente ocorreu nos bastidores de um evento de música country.
Agora, segundo o jornal Folha de S. Paulo, o MPSP solicitou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) a abertura de um inquérito policial contra o cantor. Esta solicitação vem após denúncias feitas pela Associação dos LGBTQIA+ alegando que Bruno demonstrou comportamento discriminatório contra Lisa Gomes.
A denúncia, protocolada pelo advogado criminalista Angelo Carbone, destaca que os autores deste tipo de crime de ódio apenas pararão de realizá-lo quando receberem sentenças de prisão. Bruno, por sua vez, chegou a contratar um ex-secretário da Justiça de SP para lidar com acusações de transfobia.
“Os efeitos deletérios do crime de ódio por transfobia praticado pelo cantor Bruno reforçam o sistema de discriminação que as mulheres travestis e as mulheres transgêneros sofrem diariamente, excluindo-as socialmente de seu gênero identitário e obstando assim a realizações de seus direitos humanos de felicidade, aceitação e realização social e profissional”, diz o documento.
Vale lembrar que, em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou as práticas de homofobia e transfobia ao crime de racismo. A decisão, tomada por oito votos a três, torna passível de punição quem ofender ou discriminar indivíduos gays ou transgêneros.
Os culpados podem enfrentar de um a três anos de prisão e, assim como no caso de racismo, o crime é inafiançável e imprescritível. Dessa forma, se a Justiça decidir aplicar a pena de crime de transfobia ao cantor sertanejo após a investigação do inquérito policial, Bruno poderá até ser preso.