a pioneira da música caipira
Grande ícone da música sertaneja e precursora das mulheres no gênero, Inezita Barroso teve uma vida longa e repleta de conquistas. Relembre-as!
A cantora sertaneja Inezita Barroso, nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima, nasceu em São Paulo no dia 4 de março de 1925. Filha de uma pianista erudita, foi desde cedo imersa em um ambiente musical, desenvolvendo uma forte conexão com as raízes culturais do Brasil.
Após formar-se em biblioteconomia pela Universidade de São Paulo (USP) em 1947, Inezita aprofundou-se nos estudos do folclore brasileiro, influenciada pelas obras de Mário de Andrade, o que definiu seu caminho profissional e artístico.
Detalhes da Carreira
Inezita Barroso iniciou sua trajetória artística nas rádios Bandeirantes e Record na década de 1950, tornando-se a primeira cantora contratada pela última. Além de se destacar no rádio, Inezita também brilhou no cinema brasileiro, participando de filmes como “Ângela”, “O Craque” e “É Proibido Beijar”.
Na música, destacou-se com clássicos como “Moda da Pinga” e “Viola Quebrada“, que a consagraram como uma das principais vozes do sertanejo e da música folclórica nacional. Além de seu papel como cantora, Inezita foi uma notável pesquisadora do folclore brasileiro, contribuindo significativamente para a valorização e preservação da cultura nacional.
Os maiores sucessos de Inezita Barroso não só capturaram a essência da cultura brasileira, mas também a projetaram como uma das principais intérpretes da música caipira e folclórica do Brasil. Essas músicas, além de serem amplamente reconhecidas e admiradas pelo público, tornaram-se símbolos da música sertaneja raiz e são frequentemente associadas à memória de Inezita, evidenciando sua importância e influência no cenário musical do país.
Inezita Barroso teve uma carreira de sucesso que ultrapassou cinco décadas, marcada pela gravação de mais de oitenta discos em diferentes formatos como 78 rpm, vinil e CDs. Por 35 anos, de 1980 até sua morte em 2015, ela foi a anfitriã do programa “Viola, Minha Viola” na TV Cultura, dedicado à celebração da música caipira brasileira.
Além disso, Inezita também apresentou um programa que levava seu nome no SBT, exibido nas manhãs de domingo, expandindo seu alcance para diferentes públicos e gêneros musicais. A cantora sertaneja também dedicou uma parte significativa de sua vida à educação, ministrando aulas sobre folclore brasileiro em faculdades como Unifai e Unicapital.
Seu compromisso com a cultura brasileira foi reconhecido quando recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro. Além disso, ela explorou outras vertentes da música popular brasileira, mostrando sua versatilidade artística além do gênero caipira/sertanejo.
Sua influência e contribuição para a música e cultura brasileira foram oficialmente reconhecidas quando recebeu a medalha de mérito “Ordem do Ipiranga” pelo governo do estado de São Paulo em 2003, tornando-se comendadora da música folclórica brasileira. Inezita expressou suas visões progressistas sobre a música e a cultura na era digital durante uma entrevista no programa Roda Viva da TV Cultura em 2004, defendendo a troca eletrônica de canções para promover o acesso dos jovens à cultura.
Em 2014, ela adicionou mais um título ao seu legado ao ser eleita para a Academia Paulista de Letras, preenchendo a cadeira anteriormente ocupada pela folclorista Ruth Guimarães.
Discografia de Inezita Barroso
A discografia de Inezita Barroso é vasta e diversificada, refletindo sua paixão pela música brasileira em todas as suas formas. Desde os primeiros registros em 78 rpm até álbuns em LP e participações em CDs, Inezita deixou um legado musical rico, com mais de oitenta discos gravados.
Suas canções abrangem desde temas rurais até interpretações de música popular brasileira (MPB) de diversos estilos, não se limitando apenas ao sertanejo/caipira. Este acervo musical notável foi um pilar importante na sua carreira e contribuiu para o entendimento e apreciação da música brasileira tanto no país quanto internacionalmente.
- Danças Gaúchas (1955)
- Inezita Barroso (1955)
- Lá Vem o Brasil (1956)
- Vamos Falar de Brasil (1958)
- Inezita Apresenta (1958)
- Canto da Saudade (1959)
- Eu me Agarro na Vida (1960)
- Coisas do Meu Brasil (1961)
- Inezita Barroso (1961)
- Recital (1962)
- Clássicos da Música Caipira (1962)
- A Moça e a Banda (1963)
- Vamos Falar de Brasil, Novamente (1966)
- Recital Nº 2 (1969)
- Modinhas (1970)
- Clássicos da Música Caipira – Vol. 2 (1972)
- Inezita em Todos os Cantos (1975)
- Modas e Canções (1975)
- Joia da Música Sertaneja (1978)
- Joia da Música Sertaneja – Vol. 2 (1980)
- A Incomparável (1985)
- Sou Mais Brasil (1999)
- Voz e Viola (1999)
- Raízes Sertanejas (2000)
- Hoje Lembrando (2003)
- Perfil de São Paulo (2004)
Vida Pessoal
Na vida pessoal, Inezita Barroso casou-se com Adolfo Cabral Barroso em 1947, com quem teve uma filha, Marta Barroso. Seu casamento durou até o fim de sua vida, evidenciando uma união estável e uma vida familiar sólida. Inezita também se dedicou à educação, lecionando folclore em universidades, o que demonstra seu compromisso com a disseminação do conhecimento cultural brasileiro.
Morte de Inezita Barroso
Inezita Barroso faleceu no dia 8 de março de 2015, aos 90 anos, em São Paulo, após ser internada devido a uma insuficiência respiratória. Seu velório foi realizado no Palácio 9 de Julho, e ela foi sepultada no Cemitério Gethsemani, marcando o fim de uma era para a música folclórica e caipira brasileira.
No ano de 2017, a vida e a obra de Inezita Barroso foram celebradas durante a 36ª edição da série Ocupação, organizada pelo Itaú Cultural em São Paulo. A exposição dedicada à artista, intitulada “Ocupação Inezita Barroso”, esteve disponível ao público de 27 de setembro a 5 de novembro, proporcionando uma visão aprofundada sobre sua contribuição para a música e a cultura brasileira.
Na mesma linha de homenagens, em 2017, a Assembleia Legislativa de São Paulo instituiu o Prêmio Inezita Barroso. Este prêmio anual visa reconhecer personalidades e obras que contribuem para a preservação e divulgação da música sertaneja raiz, também conhecida como música caipira. A premiação ocorre em março, coincidindo com o mês de nascimento de Inezita, servindo como uma lembrança de seu legado e influência no cenário musical do país.
Em fevereiro de 2019, um documentário intitulado “Inezita” foi lançado, destacando o pioneirismo de Inezita Barroso na música sertaneja brasileira. Com depoimentos de personalidades como José Hamilton Ribeiro, Irmãs Galvão e Eva Wilma, o documentário oferece um olhar íntimo sobre a trajetória e o impacto de Inezita na música e na cultura do Brasil. Este filme foi transmitido pela primeira vez em TV aberta no dia 4 de março de 2020, proporcionando ao público uma oportunidade de conhecer melhor a história da artista.