Em meio a alegações de inconstitucionalidade e disputa por direitos autorais, herdeiros entram em confronto legal pela obra do lendário cantor e apresentador Rolando Boldrin
Patricia Boldrin, viúva do falecido artista Rolando Boldrin, se encontra em meio a um imbróglio judicial com Vera Boldrin, única filha do cantor com Lurdinha Pereira, e Marcus Boldrin, adotado legalmente como filho pelo artista quando tinha apenas 12 anos. O cerne da controvérsia reside na administração das criações do prolífico cantor sertanejo e apresentador, que veio a falecer em novembro do ano passado, aos 86 anos de idade.
Conforme o testamento deixado por Rolando, que foi reconhecido e homologado por sentença judicial na última quinta-feira (4/5), Patricia seria a responsável integral pelos direitos autorais da obra do cantor. No entanto, essa última vontade do artista está sendo contestada pelos herdeiros. A alegação deles é que os desejos expressos no documento são inconstitucionais.
De acordo com a legislação brasileira, metade do patrimônio deixado por uma pessoa falecida deve ser destinada aos herdeiros. Com isso, Patricia não teria controle total sobre a obra de Rolando, como argumentam Vera e Marcus. Além disso, eles expressam dúvidas sobre a autenticidade do documento, pois não foi assinado e celebrado em sua presença e de outras testemunhas em uma reunião formal.
“A gente não sabe quanto vale a obra de Rolando. Hoje pode valer R$ 10, mas amanhã a Globo pode querer fazer um documentário sobre ele e aí passa a valer R$ 10 milhões. Não vamos mais questionar o fato de o testamento ser verdadeiro ou não, mas vamos contestar a divisão sobre os direitos autorais”, disse Marcus à Folha de S. Paulo.
Por outro lado, Patricia expressa sua intenção de manter a obra do marido viva, com o objetivo de “perpetuá-lo na área de educação, e impedir que vire boneco de festa de rodeio”.
A luta judicial atual deixa a obra do querido Boldrin, que inclui atuações em filmes premiados, novelas amplamente assistidas tanto no Brasil quanto no exterior, além de composições e apresentações, em um território incerto. A decisão final pode ter implicações significativas sobre o legado deste artista multifacetado, que deixou sua marca indelével na cultura brasileira.
Com o desenrolar desta batalha legal, uma coisa é certa: a obra e o legado de Rolando Boldrin, amado por muitos, continuam a gerar paixões e disputas, mesmo após sua partida.
