Dupla sertaneja recebeu R$3,6 milhões para apoiar Bolsonaro
Choque e Surpresa: Como a dupla sertaneja Mateus e Cristiano transformou fundos da Lei Rouanet em hino para Bolsonaro
A música pode transcender a arte, infiltrando-se nas esferas da política e da ideologia. Esta é a história de Mateus e Cristiano, uma dupla sertaneja que transformou sua trajetória musical em um hino para Jair Bolsonaro, desencadeando um furacão de controvérsias.
Lucas e Mateus Vieira Gomes, conhecidos artisticamente como Mateus e Cristiano, são gêmeos que compartilham mais do que laços de sangue; eles compartilham uma carreira musical pontuada por reinvenções e lutas. Com início modesto nos anos 90, a dupla se destacou no programa “Domingão do Faustão”, onde ganhou reconhecimento, mas não sem desafios. Um processo judicial forçou uma mudança de nome, uma reviravolta que não impediu sua ascensão, mas prenunciou a complexidade de sua jornada artística.
A relação entre a dupla sertaneja e a Lei Rouanet é um prato cheio para críticas. Captando R$ 1,9 milhões através do incentivo, Mateus e Cristiano entraram em um terreno nebuloso quando decidiram alinhar sua arte a uma campanha política. Apesar da Lei Rouanet ser um mecanismo para a promoção cultural, sua utilização pelos irmãos gêmeos suscitou debates acalorados sobre a finalidade dos recursos públicos na cultura.
Em uma reviravolta de sua carreira, a dupla mergulhou na música religiosa com “Maria passa na frente”, ganhando notoriedade nas vozes de figuras como Padre Marcelo Rossi e Gusttavo Lima. No entanto, foi a criação do jingle “Capitão do Povo” para Jair Bolsonaro que marcou a transformação definitiva dos artistas em vozes de um movimento político. Esta aliança gerou uma onda de reações, desde apoio fervoroso até críticas veementes.
Financiamento publico de campanhas com dinheiro público
A parceria entre Mateus e Cristiano e Jair Bolsonaro lança luz sobre uma questão maior: a intersecção entre cultura, arte e política. A utilização de fundos da Lei Rouanet para apoiar indiretamente uma campanha política desencadeou um debate nacional. Questões sobre a independência da arte, a utilização de fundos públicos e a responsabilidade dos artistas tornaram-se tópicos de intensa discussão.
A comunidade artística e o público se dividiram. Alguns defendem a liberdade de expressão e a autonomia dos artistas para engajar-se politicamente. Outros questionam a ética de usar fundos incentivados para promover agendas políticas. Enquanto isso, Mateus e Cristiano encontram-se no olho do furacão, simbolizando um dilema cultural e ético maior.
A linha entre arte e propaganda tornou-se turva. “Capitão do Povo” não é apenas um jingle; é um espelho das convicções políticas de seus criadores. No entanto, levanta questões fundamentais sobre o papel dos artistas na sociedade e até que ponto seu trabalho deve ser influenciado, ou financiado, por entidades políticas.
O caso de Mateus e Cristiano serve como um estudo de caso sobre as consequências de entrelaçar arte e política, especialmente quando financiamento público está envolvido. A controvérsia reforça a necessidade de transparência e limites claros dentro das políticas culturais.