Herança de cantor sertanejo acaba em guerra entre herdeiros
Viúva de um grande cantor sertanejo enfrenta seus filhos em uma batalha legal pelos direitos autorais do falecido
A morte do renomado cantor sertanejo e apresentador Rolando Boldrin, em novembro do ano passado, deu início a uma verdadeira guerra nos bastidores entre seus herdeiros. O falecido, que foi um dos grandes ícones dos programas sertanejos antigos, deixou sua viúva Patricia Boldrin, a filha única Vera Boldrin e o neto Marcus Boldrin, que ele adotou legalmente como filho quando jovem tinha 12 anos.
Rolando Boldrin, que faleceu aos 86 anos em São Paulo, é lembrado por seu programa “Sr. Brasil” na TV Cultura, onde por 17 anos promoveu a música regional brasileira. Defensor da música caipira, Boldrin deu espaço a artistas da MPB e resgatou as raízes da cultura nacional na televisão.
O testamento deixado por Rolando, homologado recentemente, designa Patricia como a responsável exclusiva pelos direitos autorais de sua vasta obra, ou seja, aquela que tem direito a todos os lucros provenientes disso.
Revoltados com a decisão, os filhos Vera e Marcus procuraram a Justiça para contestá-la, alegando que a divisão proposta é inconstitucional, conforme a legislação brasileira, que determina que metade do patrimônio de um falecido deve ser destinada aos herdeiros.
Além disso, eles também fizeram questão de duvidar da autenticidade do testamento deixado pelo cantor sertanejo Rolando Boldrin, uma vez que ele não foi assinado em uma cerimônia formal com a presença de testemunhas.
Marcus Boldrin, em uma entrevista recente à Folha de S. Paulo, destaca a incerteza sobre o valor real da obra de Rolando, que pode aumentar significativamente dependendo de futuros projetos relacionados ao artista.
“A gente não sabe quanto vale a obra de Rolando. Hoje pode valer R$ 10, mas amanhã a Globo pode querer fazer um documentário sobre ele e aí passa a valer R$ 10 milhões. Não vamos mais questionar o fato de o testamento ser verdadeiro ou não, mas vamos contestar a divisão sobre os direitos autorais”, disparou.
O legado de Rolando Boldrin, que abrange atuações em filmes aclamados, novelas populares e composições memoráveis, encontra-se agora em um limbo legal. A decisão final sobre essa disputa pode moldar o futuro da obra deste icônico artista brasileiro.
Relação entre Rolando Boldrin e a filha: os mitos e acusações
A morte do icônico artista Rolando Boldrin gerou não apenas luto, mas também uma série de controvérsias envolvendo sua obra e suas opiniões políticas, bem como a relação com a filha Vera, sua herdeira legal. Patricia, sua viúva, expressou o desejo de manter o legado de Rolando focado na educação e evitar que sua imagem seja usada de forma inadequada.
Ela também mencionou as discordâncias entre Rolando e sua filha Vera, destacando diferenças de opinião em relação à política e preferências musicais: “Ela assiste Record e tem preferências musicais que não correspondem às dele. Na questão política, ela é Bolsonaro. O Rolando não era pró-Lula, mas votaria nele nessa eleição. Ele tinha asco do Bolsonaro por causa da questão das vacinas e das falas agressivas”, disparou.
Vera, por outro lado, defende sua relação com o pai, afirmando que sempre foram próximos e que qualquer conflito surgiu apenas após a entrada de Patricia na vida de Rolando. Ela também contesta a afirmação de Patricia sobre as inclinações políticas de seu pai, alegando que ele tinha aversão tanto a Lula quanto a Bolsonaro.
A questão da política tornou-se um ponto de discórdia entre Patricia e Vera. Enquanto Patricia afirma que Rolando tinha intenções de votar em Lula e desaprovava Bolsonaro, especialmente em relação à gestão da pandemia e das vacinas, Vera insiste que seu pai não era um apoiador do PT e que ele tinha uma aversão profunda a Lula.
Vera também sugere que a decisão de Rolando de deixar sua obra para Patricia pode ter sido influenciada por seu estado mental durante a pandemia, descrevendo-o como particularmente ansioso e preocupado: “Ele não saia de casa, nos ligava todo dia para pedir para tomarmos a vacina e não sairmos de casa. Todo mundo aqui no interior levou uma vida normal, não ache que as pessoas ficaram em casa. Mas eu tinha que ficar. Ele estava meio ‘neurotiquinho’, só posso imaginar isso”, diz Vera.
A disputa milionária – e polêmica – pela herança e Rolando Boldrin ainda não acabou e promete agitar seus herdeiros.